Histórico do projeto

As relações entre Angola e Brasil datam do início da expansão colonial portuguesa e ficaram marcadas pela prática e pela memória da escravidão. Os anos que se seguiram a esses trágicos acontecimentos trouxeram como contrapartida o afastamento entre Brasil e Angola, com raros momentos de aproximação, como quando do reconhecimento diplomático da independência de Angola, em 1975. Seguindo essa tendência os estudos sobre a história de Angola no Brasil se concentraram, até recentemente, em temas relativos à escravidão. Pesquisas recentes – tanto em história do Brasil quanto em história de Angola – por sua vez vêm evidenciando a necessidade de reunir e disponibilizar aos jovens pesquisadores uma documentação que permita avançar na compreensão das relações entre os dois países. É no esforço de recuperar esta conexão de um ponto de vista voltado para o futuro que foi elaborada uma coleção digital de documentos históricos do Brasil e de Angola, com financiamento do Edital Pró-África 2006 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq, vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil.

O fato de Angola e Brasil serem países lusófonos com documentação em língua portuguesa é um fator facilitador adicional no uso e troca da documentação coletada.
Embora fortemente calcado num trabalho de arquivo este não é necessariamente um projeto arquivístico. O objetivo é tão somente tornar acessível aos estudantes do Brasil e de Angola, por via digital, o conteúdo de uma documentação cujo acesso direto é difícil; e dessa forma incentivar o avanço tanto das pesquisas individuais quanto de projetos colaborativos que, progressivamente, preencham o grande vazio que ainda existe na construção de uma história atlântica na qual Brasil e Angola têm papel preponderante. O trabalho de digitalização ocorreu paralelamente no AHA e no IHGB. Diante da extensão da documentação disponível no AHA demos prioridade à digitalização dos códices, conjuntos documentais que permitirão disponibilizar, a curto prazo, documentação não apenas volumosa mas relativamente organizada.

O acervo do AHA tem catálogos parciais entre os quais se destaca o Roteiro Topográfico dos Códices do Arquivo Histórico de Angola. Nele consta um total de 3.448 códices anteriores a 1915. Este trabalho de identificação foi iniciado pelo Dr. Carlos Coimbra e finalizado pelo Prof. Doutor Silva Rego. A coleção PADAB-AHA resultou da digitalização de 108 códices arrolados no Roteiro segundo os seguintes critérios: a) todos os códices com documentação do século XVII encontrados; b) seleção de códices do século XVIII; c) seleção de códices dos séculos XIX e XX (até 1915), com documentação dos portos atlânticos (Cabinda, Luanda e Benguela).

O principal objetivo do PADAB é tornar acessível a documentação de Angola, assim, ao lado do trabalho de digitalização, estudantes brasileiros que começaram a trabalhar com essa documentação ao longo de todo o tempo de execução de projeto iniciaram a identificação dos códices digitalizados.

O projeto apresentado ao CNPq teve a coordenação geral de Mariza de Carvalho Soares, professora do Departamento de História da UFF e pesquisadora do CNPq. No AHA o trabalho foi coordenado por Rosa Cruz e Silva, então diretora do AHA, com a participação de Maria Alexandra Miranda Aparício, atual diretora do AHA. No IHGB, a coordenação do projeto coube à Professora Regina Wanderley, do Departamento de História da UERJ, no âmbito de convênio de cooperação entre esta instituição e o IHGB. Marcelo Bittencourt, vice-coordenador do projeto junto ao CNPq e também professor do Departamento de História da UFF e pesquisador do CNPq organizou as viagens e o trabalho de campo das equipes do projeto em Luanda. No AHA o trabalho de seleção final dos documentos e digitalização foi feito pela professora Mariana Cândido (atualmente na Emory University), Ana Flavia Cicchelli Pires e Carolina Barros Tavares Peixoto. No IHGB, Rafael Cupello Peixoto, Juliana Lessa e Nathalia Topini Lucas, alunos do curso de graduação em História e bolsistas PIBIC da UFF foram incansáveis no trabalho de digitalização e organização final do material do projeto. Não podemos deixar de mencionar a colaboração de Hebe Mattos, Joseph Miller, Keila Grinberg, Roquinaldo Ferreira e Mônica Lima.

As equipes sob a coordenação da profª. Regina Wanderley produziram 77 inventários analíticos referentes aos códices do AHA, que precisam ser revisados antes da publicação final.

Desde julho de 2019, a professora Crislayne Alfagali, do Departamento de História da PUC-Rio, junto a equipes de bolsistas (Lara Reis, Mariany Mathias, Gabriella Araújo, Thaiany Araujo, Jessica Tavares, Rafaela Ferreira, João Guilherme Mansur, Bruna de Almeida, Francisca Cardoso, Phelipe Esteves), tem estudado a coleção do AHA e promovido iniciativas para organizar e divulgar o acervo. A ideia é publicar, ao longo dos anos, neste site, os índices faltantes, instrumentos de pesquisa, textos e outras formas de divulgação do acervo.