Kilamba
do kimbundu, pessoa encarregada de um mester, pl. ilamba. Para Virgílio Coelho, era um sacerdote “encarregado de aplacar a fúria dos gênios da natureza”. Virgílio Coelho, Em busca de Kàbàsà. Uma tentativa de explicação da estrutura político-administrativa do reino de Ndòngò. Luanda, Kilombelombe, 2010, p. 161. O kilamba é descrito por Cadornega como “capitão da guerra preta”. O militar também associou essa chefia a uma origem estrangeira e seu contínuo crescimento político e econômico na região às suas habilidades militares. Eram “odiados” pelos sobas porque ao se instalarem em suas terras tornavam-se espiões que tudo reportavam aos portugueses. Antonio de Oliveira Cadornega, História das Guerras Angolanas (1680). Anotado e corrigido por José Matias Delgado. Lisboa: Agência-geral do Ultramar, 1972, v. I, p. 246. Nas notícias do presídio de Ambaca encontramos algo nesse sentido, o kilamba e o kimbar, ambos como agentes da guerra preta, não possuíam terras, apenas se situavam em “parte das dos sobas”. Notícias do presídio de Ambaca, janeiro de 1798. IHGB/PADAB, DL 32.4. Heintze em seu glossário define Kilamba como “oficial africano na guerra preta que gozava de especial confiança dos portugueses”. Beatrix Heintze, Fontes para a História de Angola do século XVII, p. 126. No Livro dos Baculamentos, os ilamba aparecem como cobradores de impostos junto aos sobas. Aida Freudenthal, Selma Pantoja (ed.). Livro dos Baculamentos: que os sobas deste Reino de Angola pagam a Sua Majestade (1630). Luanda: Ministério da Cultura e Arquivo Nacional de Angola, 2013, p. 32. Jan Vansina e Roquinaldo Ferreira identificaram essas chefias como importantes agentes do comércio de escravizados. Jan Vansina, “Ambaca Society and the Slave Trade c. 1760-1845”, p. 8; Roquinaldo Ferreira, Cross-Cultural exchange in the Atlantic World. Angola and Brazil during the Era of the Slave Trade. New York: Cambridge University Press, 2012, p. 59.